O Coração da Terra

Depois de cruzarem nuvens fofinhas e uma tempestade de pétalas douradas, Tito e Mimi viram abaixo de si um tapete verde que parecia infinito. Era a Floresta Amazônica! Árvores altíssimas, rios que serpenteavam como cobras de cristal e sons de pássaros desconhecidos preenchiam o ar.

— “Nossa, Mimi! É como se o mundo estivesse respirando aqui…” — disse Tito, admirado.

— “Olha aquelas folhas! São do tamanho de guarda-chuvas!” — respondeu Mimi, de olhos arregalados.

O balão pousou suavemente perto de um tronco caído coberto de musgos. De dentro da mata, surgiu um tamanduá de olhos calmos e andar sereno. Ele usava uma faixa feita de cipós e trazia colares com sementes coloridas.

— “Sejam bem-vindos ao coração da Terra,” disse ele com voz profunda. “Sou Tupi, guardião das trilhas invisíveis.”

Tupi os levou por caminhos mágicos entre raízes e perfumes. Mostrou plantas que curavam picadas, pássaros que cantavam com o vento e borboletas que só apareciam quando se estava em silêncio.

— “Aqui, tudo fala — até o que não tem boca,” ensinou o tamanduá. “A floresta ensina com paciência.”

Eles ajudaram a regar uma muda rara, colheram frutas estranhas e aprenderam a ouvir a floresta com o coração. À noite, deitados em redes sob as estrelas, Tito e Mimi escutaram Tupi contar lendas de cobras-arco-íris, árvores que andam e peixes que voam.

Antes de partirem, Tupi entregou a eles uma pena azul e disse:

— “Essa pena é leve, mas carrega um peso de sabedoria. Usem quando precisarem lembrar da escuta e do respeito.”

Com a alma cheia de verde e olhos brilhando de gratidão, Tito e Mimi subiram novamente ao céu, com a certeza de que haviam visitado um lugar onde a magia era real — e viva.